Lidando com o negação….

Estava escrevendo o post sobre o dia com a bomba na praia, mas surgiu um assunto esta semana que vai passar na frente.

Recebi uma mensagem essa semana, de uma mãe que acompanha o blog há algum tempo, e que, apesar de preferir não ser identificada, concordou que eu falasse do assunto por aqui. O filho dela tem 5 anos,  é doce há 7 meses e recentemente tem questionado por que isso aconteceu com ele, até quando ele terá que tomar injeção, e aquelas perguntas que acabam com a gente…. Ela me pediu conselho, e eu vou tentar passar um pouco do que acho, afinal, estamos aqui para trocar experiências, certo?

E acho que essa troca não vale só para nós mães e familiares de crianças diabéticas. É MUITO importante para elas também. Conviver com outras crianças que também medem o dedo e tomam insulina, ajuda bastante. Acho que o que mais fica passando na cabeça dessas crianças é que elas ficaram “diferentes” dos amigos. Então é legal mostrar que elas não são as únicas… Procurem descobrir na região onde moram, se existe algum grupo de apoio, que promova encontros… ou até mesmo, mostrem os vídeos que estão por aqui, do Gui, da Vivi, da Jujuba, do Igor, do João Pedro

Depois da semana de hospital, quando descobrimos a diabetes do Gui, ele não entendia por que ainda precisava tomar insulina. “mãe, não estou mais no hospital, estou bem já..”. Isso durou um mês…. ele corria das injeções, eu chorava, ele chorava, um caos…. mas ao poucos fui explicando que aquela espetava que eu dava, era justamente para ele não voltar ao hospital; que ele teria uma vida normal, mesmo com as medições e injeções. Lembro que fiz uma brincadeira com ele, usando uns bonequinhos de super-heróis dele. Coisa besta, mas ele riu e entendeu: quando ele comia, tinham uns inimigos que queriam ficar no sangue dele, e a insulina (e pegava os bonecos herois) entrava nele para tirar os inimigos…. sei lá de onde saiu isso, mas ele resolveu ficar do lado dos super-heróis!

Outra coisa: contagem de carboidrato. Parece um palavrão. Levei quase 3 anos para começar sério e me arrependo horrores. NÀO DEIXEM SEUS FILHOS COM VONTADE DE COMER NADA, pelo amor dos deuses! O que mudou para o Gui, é que antes ele comia uns 6 Bis de uma vez… agora eu dou dois, calculo a insulina e corrijo. E mesmo antes da bomba, eu dava essas coisas como sobremesa, assim aproveitava a insulina e já corrigia. Sou contra marmitas em festas infantis… ok, cada um sabe como cuidar do seu filho, mas comer dois brigadeiros e 3 coxinhas vai fazer menos mal do que ele se sentir diferente no meio de um monte de criança….. a insulina está aí para isso, para que eles comam moderadamente o que gostam. Afinal, ninguém, diabético ou não, precisa se acabar de comer doce ou besteira, certo?!!?

O Gui nunca teve vergonha de medir o dedo na frente dos outros, percebi até que ele se “exibe” na escola… As meninas perguntam se não dói e ele enche o peito pra dizer “nem um pouco”.. rsrsrs

Não é fácil, tem dia que cansa, tem semana que cansa…. mas eu realmente acredito que viemos para aprender muito com eles. Aprender que não somos perfeitas, e que mesmo fazendo tudo certo, ele terá um número alto sem explicação….  Não sou uma fortaleza sempre. Já chorei na frente dele, quando errei a mão e saiu sangue na hora de aplicar insulina, ou quando fazendo carinho na perna dele, percebi que estava com um calombo das aplicações… E foi ele quem veio enxugar meus olhos, dizendo que estava tudo bem.

E hoje, depois de 3 anos e 5 meses de diagnóstico, posso garantir: o Gui faz tudo que uma criança não diabética faz!!! Até mal criação!! rsrsrs

Acho que meu último conselho seria: acabem com o preconceito em relação a bomba de insulina! Testem o quanto antes!! Demorei para ir atrás por achar que ele ficaria chateado com algo ligado nele o dia todo e agora escuto que  “sou igual ao homem de ferro, tenho algo conectado em mim”!!! Menos picada, melhor controle, mais autonomia, mais tudo!

Espero ter ajudado um pouco… estamos por aqui.
Força, força, força!!!! Um dia de cada vez, sempre!!

bjos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *